Para presidente do Senado, 'panelas precisam se manifestar' na democracia.Peemedebista anunciou que irá propor pacto pela criação de empregos.
Renan Calheiros propôs um pacto pela criação de empregos (Foto: Marcos Oliveira / Agência Senado)
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta
quinta-feira (30) que é "uma coisa ridícula" a presidente Dilma Rousseff
não poder fazer pronunciamento em cadeia de rádio e TV nesta sexta
(1º), no feriado do Dia do Trabalho, porque, segundo ele, "não tem o que
dizer" aos trabalhadores.
O peemedebista anunciou que irá propor ao governo federal um "pacto" para a criação e manutenção do emprego.
Nesta quarta (29), o ministro da Secretaria de Comunicação Social,
Edinho Silva, afirmou que, em vez de fazer o tradicional pronunciamento
do dia 1º de maio, a presidente divulgará vídeos nas redes sociais como forma de se manifestar sobre o Dia do Trabalho.
"O governo não tem agenda, não tem iniciativa, há um vazio evidente que
fragiliza o governo. [...] Essa coisa da presidente da República não
poder falar no dia 1º porque não tem o que dizer é uma coisa ridícula.
Isso enfraquece o governo", afirmou Renan.
Esta será a primeira vez, desde que assumiu o comando do país, em 2011,
que Dilma não fará um pronunciamento em cadeia de rádio e TV no feriado
do trabalhador.
Renan disse que, apesar do risco de a presidente voltar a ser alvo de
um novo panelaço, ela deveria se pronunciar. Na visão dele, "panelas
precisam se manifestar na democracia" – o ministro Edinho Silva negou
que o motivo da decisão da presidente de não fazer pronunciamento seja
evitar um panelaço de protesto contra o governo, como o do último dia 8 de março, quando Dilma se manifestou sobre o Dia Internacional da Mulher.
"Não há nada pior do que a paralisia, do que a falta de iniciativa, do
que o vazio. Nós fizemos a democracia no Brasil para deixar as panelas
falarem, as panelas precisam se manifestar. Nós precisamos, todos, ouvir
o que as panelas dizem. O que nós não podemos deixar acontecer no
Brasil é falta de iniciativa, falta do que dizer. Certamente, a
presidente Dilma não vai falar no dia 1º de Maio porque não tem o que
dizer", disse Renan.
Ao conceder uma entrevista coletiva no Planalto ao lado de
representantes de centrais sindicais, o ministro da Secretaria-Geral,
Miguel Rossetto, comentou as declarações do presidente do Senado. Segundo Rossetto, não é verdade que Dilma não irá se manifestar no Dia do Trabalho.
"A presidenta vai se manifestar, sim, em relação ao 1º de Maio. Ela vai
falar aos trabalhadores do nosso país, sim, através das redes sociais,
que são um conjunto importante que ela está utilizando e vai utilizar
durante todo o dia", enfatizou.
"Ela tem falado e vai falar aos trabalhadores, homenageando o 1º de
Maio, aqueles que trabalham, produzem a riqueza do país, homenageando o
conjunto das conquistas históricas, renovando seu compromisso com os
trabalhadores", complementou.
O ministro da Secretaria-Geral também negou que a razão de a presidente
ter optado por não fazer o pronunciamento seja o receio de ser alvo de
um novo panelaço. "Claro que não [teme o panelaço]. O governo faz, se
manifesta e se pronuncia, tem iniciativas positivas, seguramente. O
governo respeita a democracia, as manifestações, preserva e estimula o
processo permanente de diálogo", argumentou Rossetto.
Pacto pelo emprego
Ao explicar sua proposta de um pacto pela defesa do emprego, Renan Calheiros disse que é preciso que o governo federal tenha uma "meta" para a criação de empregos, a exemplo das metas de inflação e de superávit fiscal. Ele ressaltou ainda que o pacto seria temporário e duraria somente enquanto o país enfrenta a crise econômica.
Ao explicar sua proposta de um pacto pela defesa do emprego, Renan Calheiros disse que é preciso que o governo federal tenha uma "meta" para a criação de empregos, a exemplo das metas de inflação e de superávit fiscal. Ele ressaltou ainda que o pacto seria temporário e duraria somente enquanto o país enfrenta a crise econômica.
Entre as propostas defendidas pelo presidente do Senado estão o
estímulo a compras governamentais; o estímulo do aumento de crédito pela
Caixa, pelo Banco do Brasil e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) para empresas que preservarem e criarem novos
empregos; e manter "criteriosamente" a desoneração da folha de
pagamento.
"Qualquer proposta nessa direção, que possa entrar no pacto da defesa
do emprego, será muito bem recebido", disse Renan, ao ressalta que
levará as ideias ao Palácio do Planalto no próximo mês, após discutir as
propostas com setores da economia e senadores.
"Tudo o que colaborar na geração do emprego, na oferta de vagas, terá
que ser discutido no pacto, absolutamente tudo, venha de onde vier.
Agora, nós íamos, em torno de um pacto que seria construído, juntar o
governo, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, ter uma diretriz,
preencher o vazio, estabelecer uma iniciativa para que a presidente
tenha o que comunicar no Dia do Trabalhador", ressaltou.
Ao ser questionado sobre como implementar o pacto diante de um
"mal-estar" criado entre o Congresso Nacional e a presidente Dilma
Rousseff, o peemedebista afirmou que não existe mal-estar, mas que "pode
haver diferenças" entre o parlamento e o Palácio do Planalto.
"E é natural que, na democracia, nós tenhamos diferenças. Mas esse
pacto servirá até para juntar todos em torno de uma saída para o
Brasil", observou o peemedebista.
"Quando a recessão acabar, quando a economia melhorar, estará desfeito o
pacto. Mas até lá, da mesma forma que nós protegeremos meta de
inflação, meta de superávit, protegeremos o emprego", concluiu.
A expectativa é de que Renan faça um pronunciamento em plenário no dia 5
de maio para explicar e elencar as ideias que comporão o pacto pelo
emprego. Em seguida, explicou o senador, as propostas deverão ser
levadas à presidente da República.
'Coordenador de RH'
Na entrevista coletiva desta quinta, Renan Calheiros também criticou o fato de o vice-presidente da República, Michel Temer – que é o presidente nacional do PMDB –, ter passado a centralizar a distribuição de cargos no segundo escalão do governo Dilma.
Na entrevista coletiva desta quinta, Renan Calheiros também criticou o fato de o vice-presidente da República, Michel Temer – que é o presidente nacional do PMDB –, ter passado a centralizar a distribuição de cargos no segundo escalão do governo Dilma.
Para Renan, o PMDB não pode se transformar em um "coordenador de RH" do Planalto,
"distribuindo cargos e posições" no Executivo federal. O peemedebista
disse que não indicará ninguém para ocupar cargos na administração
pública federal.
A relação entre o presidente do Senado e o Palácio do Planalto se
desgastou desde que Dilma nomeou, há duas semanas, o ex-presidente da
Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
– aliado do atual presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – para o
comando do Ministério do Turismo. Alves substituiu no cargo o engenheiro
agrônomo Vinícius Lages, que era afilhado político de Renan Calheiros.
"O PMDB não pode se transformar em um coordenador de RH distribuindo
cargos e posições. Isso seria, do ponto de vista do nosso partido, que é
o maior partido do Brasil [...] um retrocesso que essa distribuição de
cargo significa", ironizou Renan.
"Eu não quero é participar do Executivo. Eu não vou indicar cargo no
Executivo porque esse papel hoje é incompatível com o Senado
independente. E eu prefiro manter a coerência do Senado independente,
não participando de forma nenhuma de indicação de cargos no Executivo",
complementou.