'Bandido é ele', afirmou Terezinha ao rebater acusações de José Júnior.Líder da ONG insinuou, na internet, que o menino era ligado ao tráfico.
Terezinha
Maria de Jesus, 36, mãe do menino Eduardo de Jesus Ferreira, 10 anos,
morto durante ação policial no Conjunto de Favelas do Alemão. (Foto:
Daniel Silveira / G1)
A doméstica Terezinha Maria de Jesus, 36, mãe do menino Eduardo de
Jesus Ferreira, 10 anos, morto durante ação policial no Conjunto de
Favelas do Alemão, Zona Norte do Rio, afirmou na noite desta
quarta-feira (15) que irá processar o fundador da ONG Afrorregae, José
Júnior. Ela disse ter ficado revoltada com declarações dele afirmando
que o garoto estava envolvido com o crime. "Bandido é ele", afirmou.
Terezinha deu está declaração por volta das 23:15, ao retornar à
Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, para encerrar o
depoimento. Ela chegou à unidade policial, por volta das 20:30,
acompanhada pelo marido e duas filhas, logo após retornarem do Interior
do Piauí, onde o garoto foi enterrado. A família saiu da delegacia para
jantar, mas voltar para o encerramento da oitiva.
"Eu só vou falar com vocês uma coisa, que eu só quero mandar um recado
para o José Junior, o líder do Afroreggae, que ele colocou na internet
que o meu filho é bandido, que criança morta de 10 anos no Alemão é
bandido. Eu quero dizer que bandido é ele. Meu filho não é bandido. Meu
filho é uma criança que estudava, que tinha projeto na escola", disse
Terezinha, destacando que irá processar José Júnior.
As declarações de Júnior foram postadas no Facebook, mas apagadas após
repercussão negativa. "Como é que ele bota umas coisas dessas na
internet sem saber quem somos nós?", questionou a mãe de Eduardo. "Meu
filho é uma criança inocente que morreu inocentemente", enfatizou. O G1
tentou contatá-lo, mas ele não atendeu às ligações.
Questionada se também irá processar o estado, Terezinha disse que, no
momento, preferia não comentar a respeito. "Eu só quero mesmo mandar
esse recado para o José Júnior", reiterou.
Terezinha voltou a afirmar que no momento em que o filho foi baleado
não havia confronto entre policiais e criminosos no Alemão. "O único
tiro que saiu foi da polícia, que matou meu filho", disse, garantindo
ser capaz de reconhecer o policial que atirou, pois o enfrentou assim
que vou o filho morto. "Eu o agredi e ele disse que do mesmo jeito que
matou meu filho me mataria", ressaltou.
Sobre a sua participação na reconstituição do crime, prevista para a
próxima sexta-feira (17), Terezinha disse estar preparada para reviver a
tarde de 2 de abril. "Eu estou preparada para tudo", afirmou.
Contradições nos depoimentos
O defensor público Fábio Amado, que presta assistência aos país de Eduardo e acompanhou o depoimento desta quarta-feira, disse que há contradições entre os depoimentos da família e dos dois policiais que admitiram ter efetuado disparos nas proximidades de onde o garoto foi baleado.
O defensor público Fábio Amado, que presta assistência aos país de Eduardo e acompanhou o depoimento desta quarta-feira, disse que há contradições entre os depoimentos da família e dos dois policiais que admitiram ter efetuado disparos nas proximidades de onde o garoto foi baleado.
"Existem contradições e o delegado vai apontar e relata-las todas,
apontar e indicar, de acordo com a prova técnica, quem é o responsável
e quais as circunstâncias que envolvem a morte dele", disse o defensor.
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